segunda-feira, 21 de abril de 2014
1. Introdução
O Projeto Jornada Elos de Cidadania - Caminhos e descaminhos da Baía de Guanabara integra o Programa Elos de Cidadania: Educação Ambiental para a Gestão Participativa e Integrada de Águas e Florestas da Mata Atlântica. Teve como inspiração o Projeto Jornada da Estrela: Expedição Cone Sul, que foi iniciado em outubro de 2011 no Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht (CEBS), Jacarepaguá, Rio de Janeiro e teve como objetivo principal fazer com que os alunos percebessem que quando nos dedicamos aos nossos sonhos e objetivos, podemos ir até mesmo "ao fim do mundo". Para isso, realizou, em janeiro de 2013, uma expedição pelo Cone Sul da América do Sul utilizando uma Mercedes-Benz 190, fabricada em 1958, que usou como parte do combustível óleo de fritura reaproveitado (COV - Combustível de Óleo Vegetal).
A jornada foi realizada pelos professores Gilmar de Moura Guedes, Marco Aurélio Berao e Robson Silva Macedo. Saiu do Rio de Janeiro em direção a Ushuaia, na Terra do Fogo, Argentina, passando pelo Uruguai e Chile e retornando ao Rio de Janeiro após 37 dias de expedição e um percurso de mais de 21 mil km. O veículo utilizado na jornada foi comprado em ferro velho, recuperado e adaptado especialmente para a viagem com a utilização do COV. Representou um desafio importante, ecológico e sustentável.
O segundo desafio foi obter o óleo necessário para que a jornada ser iniciada. Por isso, no CEBS, mas de 800 alunos, professores, direção e funcionários estiveram envolvidos no projeto e na coleta de óleo de fritura.
Segundo dados da Secretaria de Estado do Ambiente, a maior parte do óleo de fritura é despejada em ralos, comprometendo as tubulações dos edifícios e das redes de tratamento de esgoto. Nas regiões onde não há coletora, o óleo vai diretamente para os rios e lagoas, aumentando significativamente a poluição e a degradação ambiental. São despejados de 19 a 27 milhões de litros de óleo por ano em nossas águas marinhas. Considerando que um litro de óleo contamina cerca de um milhão de litros de água, pode-se ter uma noção da gravidade da situação. Essa prática acarreta prejuízos à população, às concessionárias de saneamento e aos governos.
No Estado do Rio de Janeiro, a Baía de Guanabara vem sendo submetida a um grande impacto ocasionado pelo despejo de esgotos e de diferentes resíduos em suas águas. O óleo de cozinha é um desses resíduos que, lançado equivocamente em esgotos, redes fluviais, solo ou depósito de lixos, acaba sendo transportado pelas águas das chuvas e dos rios até à baía.
Segundo o professor Alexandre D'Avignon (UFRJ) a simples atitude de não jogar o óleo de cozinha usado direto no lixo ou no ralo da pia pode contribuir para diminuir o aquecimento global. Ele explica que a decomposição do óleo de cozinha emite metano na atmosfera. O metano é um dos principais gases que causam o efeito estufa, que contribui para o aquecimento da terra. O óleo de cozinha que muitas vezes vai para o ralo da pia acaba chegando no oceano pelas redes de esgoto. Em contato com a água do mar, esse resíduo líquido passa por reações químicas que resultam em emissão de metano.
Sabemos que o processo educativo é extremamente importante para divulgar informações e práticas ambientais no contexto social em que estamos inseridos. Jovens e crianças além de serem muito receptivos, são interlocutores capazes de provocar a reflexão e a mudança de atitude dos adultos e, desse modo, contribuírem com o processo de mudança social.
A Agenda 21, afirma que:
a Educação Ambiental
torna-se essencial para a população na medida em que ela reivindica e prepara
os cidadãos para exigir justiça social, cidadania nacional e planetária,
autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza. A
Educação Ambiental deve desenvolver uma população
que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que
lhes são associados e que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar,
individual e coletivamente, na
busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos".[1]
Sendo assim, a
Educação Ambiental deve ser baseada na frase expressa pelo Relatório Brundtland
(1998): “pensamento global e ação local”[2]
e o seu desenvolvimento deve ocorrer em todos os níveis sociais, intelectuais,
técnicos e científicos para que possamos atingir a meta da sustentabilidade socioambiental.
Neste
contexto, justifica-se uma releitura e a continuidade do Projeto Jornada da Estrela por meio do Projeto Jornada Elos de Cidadania: Caminhos e Descaminhos da Baía
de Guanabara que será implementado em diversas escolas estaduais/municipais
do Estado do Rio de Janeiro localizadas no entorno da Baía de Guanabara.
Nesta
releitura serão divulgados os resultados da 1ª expedição do Projeto Jornada da Estrela, debatidos
os problemas ocasionados pelo descarte inadequado do óleo de fritura usado nas
águas dos rios, lagoas e da Baía de Guanabara, as possibilidades do uso do óleo
de cozinha reaproveitado como combustível menos poluente e, consequentemente,
mais sustentável do ponto de vista ambiental e a implementação de pontos de
entrega voluntária de óleo nas escolas participantes.
Desta forma o Programa Elos de Cidadania - Caminhos e descaminhos da Baía de Guanabara, por intermédio da Educação Ambiental, possibilitará tanto a difusão de conhecimentos relativos ao uso, descarte correto e reaproveitamento do óleo de cozinha como incentivará a mobilização coletiva visando a construção de um ambiente mais sustentável.
[1] Disponível em:
http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf.
Acesso: 22.03.2014
[2] Disponível em:
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2078_1012.pdf. Acesso:
22.03.2014.
2. Objetivos
2.1.OBJETIVO GERAL
Contribuir para a formação de cidadãos comprometidos com a despoluição e conservação da Baía de Guanabara e a construção coletiva de um ambiente ecológico e socialmente sustentável.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Motivar a comunidade escolar na busca da realização de seus sonhos e desafios;
- Registrar e divulgar as potencialidades naturais e culturais da Baía de Guanabara;
- Identificar e debater os problemas e conflitos socioambientais ocasionados na Baía de Guanabara e no seu entorno pelo descarte do óleo vegetal no solo, no esgoto e no lixo doméstico e as formas de enfrentá-los;
- Difundir as possibilidades do reuso de óleo vegetal por diversos meios como a sua transformação em combustível para motores movidos óleo;
- Motivar e orientar a comunidade escolar (alunos e professores) em relação à instalação e ao funcionamento de um ponto de entrega voluntária de óleo de fritura usado;
- Criar grupos de discussão nas redes sociais (facebook, instagran, twitter, pinterest e blog) para a divulgação e o acompanhamento das ações dos integrantes no projeto.
3. Metodologia
O Projeto Jornada Elos de Cidadania: Caminhos e Descaminhos da Baía de Guanabara será desenvolvido de forma lúdica e dinâmica, por meio de palestras, oficinas, exposições fotográficas, vídeos e materiais informativos. A linguagem didática adaptada aos diferentes níveis escolares, estimulará a compreensão do processo de interdependência entre homem e o meio em que está inserido.
Inicialmente, participarão da Jornada 24 unidades escolares localizadas no entorno da Baía de Guanabara, em áreas consideradas como prioritárias pela Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente.
A Jornada será desenvolvida, em cada unidade escolar selecionada, de acordo com as seguintes etapas:
Primeira Etapa: Atividades Preparatórias
1. Contado inicial com a direção e profissionais da educação da unidade escolar selecionada.
2. Sugestão de montagem e sinalização em conjunto com a comunidade escolar de um ponto de entrega voluntária de óleo, para alunos e comunidade escolar.
3. Preparação do veículo movido a COV para uso demonstrativo nas oficinas.
4. Registro pela equipe da Jornada dos problemas, conflitos e potencialidades da área do entrono da Baía de Guanabara próximo a unidade escolar.
Segunda Etapa: Atividades Motivacionais
1. Realização na unidade escolar de palestra motivacional do "Projeto Jornada da Estrela" e de oficinas de reaproveitamento do óleo vegetal para processamento do óleo para COV.
2. Coleta pela comunidade escolar de óleo de cozinha usado para a utilização no veículo da jornada.
3. Preparação do veículo movido a COV para uso demonstrativo nas oficinas.
4. Registro dos problemas, conflitos e potencialidades da área do entorno da Baía de Guanabara próxima à unidade escolar.
Terceira Etapa: Dia da Jornada
1. Exposição do veículo movido a óleo vegetal de cozinha usado e filtrado.
2. Colocação do óleo filtrado no tanque do carro e observação do seu funcionamento.
3. Exposição com fotos e vídeo da viagem da 1ª Jornada ao "Fim do Mundo" e dos “Caminhos e Descaminhos da Baía de Guanabara”.
4. Realização de palestra e debate sobre os temas apresentados nos objetivos específicos.
5. Distribuição de material informativo: cartazes e folders explicativos, para serem levados pelos alunos as seus familiares e vizinhos, estimulando armazenamento e sua destinação para os pontos de coleta existentes, principalmente as escolas.
Quarta Etapa: Sistematização e divulgação dos resultados
Divulgação nas redes sociais de notícias sobre a jornada realizada, edição e tratamento de imagens e vídeos.
4. Equipe responsável pelo desenvolvimento do projeto
1. MARILENE DE SÁ CADEI - Coordenadora Pedagógica - UERJ
2. MARCELO A. COSTA LIMA - Coordenador
Acadêmico - UERJ
3. GILMAR DE MOURA GUEDES - Assessor
de Mostras Itinerantes
4. MARCO AURÉLIO BERAO - Assessor
de Mostras Itinerantes
5. ROBSON SILVA MACEDO - Assessor
de Mostras Itinerantes
5. Considerações Finais
As questões socioambientais exigem olhares mais
atentos e ações coletivas voltadas para a construção de um processo de
engajamento social, político, cultural e ético. Há inúmeros desafios na
atualidade e muitos outros que virão pela frente, o que exigirá de cada cidadão
e cidadã e da coletividade uma maior preparação para o enfrentamento dessa conjuntura planetária que cada vez mais vem sendo
percebida e alterada a partir das questões locais.
Sendo assim, é muito importante o desenvolvimento da “Jornada Elos de Cidadania: Caminhos e
descaminhos da Baía de Guanabara” que visa contribuir para a formação e o
comprometimento dos estudantes e comunidades escolares da rede pública de
ensino do Estado do Rio de Janeiro com a busca por soluções coletivas para as
questões socioambientais que vêm ocorrem na Baía de Guanabara e no seu entorno.
domingo, 20 de abril de 2014
sábado, 5 de abril de 2014
quinta-feira, 3 de abril de 2014
História ambiental da Taquara pelo Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht
Por Maria Claudia Ribeiro
Como chegamos aqui?
Taquara Iniciou seu povoamento no século XVIII e sua urbanização efetiva se deu na década de 70. O nome do bairro é originário de uma espécie de bambu utilizado para fabricar cestos, outrora existente em grande quantidade na região, onde foi erguida a sede da Fazenda da Taquara, em 1757, propriedade da família do Barão da Taquara, existente até hoje.
Por causa de seu clima ameno, saudável e agradável instalaram-se então aqui hospitais especializados em tuberculose e hanseníase. Moradores relatam que Jacarepaguá era a Petrópolis da cidade do Rio de Janeiro. Por isso, Dom Pedro II se hospedou durante dois meses, de novembro a dezembro de 1843, na Fazenda da Taquara. O objetivo era cuidar da saúde da princesa Dona januária, já que a região era considerada um local propício para tratamento de doenças em decorrência do seu ar puro. A atual Estrada dos Bandeirantes originou-se dos diversos caminhos abertos ao longo dos tempos em que surgiram as primeiras fazendas e engenhos.
O comércio era muito pequeno. As casas
da época ao estilo português, deram espaço às grandes lojas do comércio do
centro da Taquara.
Nossa escola foi fundada há 57 anos.
Sua fama se iniciou com o trabalho da Professora Henriette de Hollanda Amado,
esposa de Gilson Amado (irmão do escritor Jorge Amado). Em seu livro de
memórias, Henriette, conta sua experiência na educação vivenciada no CEBS, e que
eram os próprios alunos que cuidavam do jardim que havia no pátio que hoje é
apenas concreto sem vida. A localização do CEBS ao lado da Granja Paraíso vem
confirmar que Taquara era um bairro rural.
Como estamos hoje?
Notamos uma tendência na urbanização
em exterminar os espaços verdes que podem coexistir ao ambiente urbano. O
bairro tornou-se mais quente, pois perdeu centenas de árvores devido ao boom imobiliário a partir de 2000 e
também devido a obras do BRT na Estrada dos Bandeirantes que possuía árvores
centenárias, sem que houvesse o replantio de novas mudas. O ar fresco deu lugar
a particulados de poluição devido ao desmatamento urbano e o tráfego caótico de
automóveis. O Rio Grande, que corta o centro do bairro, até a década de 70 era
repleto de garças que vinham se alimentar de peixes. Hoje os rios mais próximos,
Rio Grande e Rio Guerenguê são poluídos pelos moradores que não possuem sistema
de esgoto o despejam diretamente nos rios da região. Há especulações de que as
indústrias localizadas no bairro também poluem os rios da região.
Onde queremos chegar?
O
tempo passou e hoje contamos com o apoio da atual Diretora Neide Aparecida de
Sousa, que está sempre a contribuir com as questões socioambientais.
É
mister que lutemos por um bairro melhor e sustentável. O progresso deve
coexistir com a natureza e isso inclui a preservação dos rios da região e o
reflorestamento urbano para que os moradores tenham qualidade de vida e consequentemente
sejam mais saudáveis física e mentalmente.
É
através da educação e a informação que podemos transformar e exigir nossos direitos
como cidadãos, sem esquecer que a união da população deve existir com um
objetivo comum: um bairro planejado.
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