segunda-feira, 31 de março de 2014

Novas fronteiras para a educação no século XXI


O que explica o bom desempenho de um aluno na escola? E por que alguns jovens de um mesmo grupo social, no futuro, se tornam adultos bem-sucedidos, enquanto outros não? Essas são perguntas sem respostas simples ou consensuais.

Uma das explicações possíveis está no papel da inteligência: jovens com maior capacidade cognitiva aprendem melhor e, dessa maneira, vão tirar as maiores notas em testes, passar no Enem e nos vestibulares, estudar numa boa faculdade e conseguir melhores empregos. As boas escolas, seguindo essa linha de raciocínio, seriam aquelas que preparam seus estudantes para esses desafios. Como consequência, são também as mais bem colocadas em rankings elaborados a partir de avaliações como o Enem.

Esta visão, no entanto, é bastante criticada por educadores que defendem que o papel da escola é muito mais amplo do que apenas ensinar as disciplinas tradicionais. O problema é que os instrumentos que hoje utilizamos para avaliar a qualidade do ensino medem justamente apenas essa dimensão: o desempenho em testes de leitura, matemática e outras disciplinas. Esses exames não conseguem medir habilidades que estudos acadêmicos têm provado que são tão ou mais importantes para explicar o sucesso na vida adulta quanto a nota em testes.

São, principalmente, traços da personalidade, como a capacidade de persistir na busca de objetivos, superando fracassos e obstáculos; saber se relacionar e trabalhar bem em grupo; ter responsabilidade e saber se organizar para concluir tarefas; além de ter controle das próprias emoções, de modo a manter o otimismo, a calma, a confiança e a motivação, mesmo em situações adversas.

A constatação de que esses traços de personalidade são importantes não chega a ser surpreendente. O que há de novo nos debates educacionais é que essas habilidades, que muitos acreditavam ser inatas, podem ser ensinadas e avaliadas em sala de aula. A grande questão, para a qual ainda não há consenso, é como fazer isso.

Temos evidências de que essas habilidades são mais bem trabalhadas desde cedo, com uma preocupação importante de ajudar os pais a cuidarem melhor de seus filhos, de modo a diminuir  o estresse nos primeiros anos de vida, que tem se mostrado danoso ao desenvolvimento de habilidades como o controle das emoções. Esses programas precisam ser expandidos. Mas o fato é que ainda estamos aprendendo  como sistematizar e replicar  essas experiências bem-sucedidas.

Se avançarmos na maneira como ensinamos habilidades não cognitivas - melhorando a habilidade dos estudantes para persistir em tarefas difíceis, controlar seus impulsos, focar na resolução de um problema sem perder o foco ou ficar frustado, superar obstáculos -, estaremos facilitando, e não dificultando, que esses estudantes tenham melhor desempenho em disciplinas tradicionais.