Professores viajarão ao Cone Sul para despertar
interesse pelas aulas
Após muito pensarem numa forma de tornar as aulas dos alunos do
ensino médio mais atraentes, três professores do Colégio Estadual
Brigadeiro Schorcht, na Taquara, criaram um projeto curioso: viajar, de 2
de janeiro a 2 de fevereiro de 2013, pelas principais cidades do Cone
Sul a bordo de um Mercedes Benz ano 1959, coletando material e histórias
interessantes para serem trabalhados durante o próximo ano letivo com
os cerca de dois mil alunos matriculados anualmente neste segmento na
escola.
Intitulado “Projeto Expedição Cone Sul”, a viagem
resultará na coleta de dados que serão usados para o Programa do Ensino
Médio Inovador (ProEMI). A iniciativa é uma estratégia do governo
federal de induzir a restruturação dos currículos do ensino médio com a
inserção de atividades que os tornem mais dinâmicos.
Robson Silva
Macedo, professor de Ensino Religioso; Marco Aurélio Berão, de Biologia;
e Gilmar Guedes, de Filosofia; são os idealizadores da viagem. Os três
docentes farão um percurso de mais de 25 mil quilômetros, que passará
por Foz do Iguaçu, Atacama, Santiago do Chile, Perito Moreno, Ushuaia
(conhecida como a Cidade do Fim do Mundo por ser o ponto mais extremo ao
sul da América), Buenos Aires e Montevidéu.
Macedo explica que os
três estarão empenhados em fazer um banco de imagens composto de 15 mil
a 20 mil fotografias, um documentário, e, por fim, um livro com o
balanço da viagem e relatos de bastidores:
— Todo o acervo servirá
como material pedagógico interdisciplinar e transdisciplinar que poderá
ser usado por nós e por outros professores. Também montaremos uma
exposição no Brigadeiro Schorcht, e há possibilidade de ela se tornar
itinerante.
Mercedes abastecida por óleo de soja e diesel
Gilmar
Guedes explica que boa parte do material coletado pelo trio durante a
viagem será organizada para apoiar aulas sobre sustentabilidade. Dono do
Mercedes, ele diz que o carro é econômico e será abastecido não só com
diesel, mas também com óleo de soja recolhido pelos alunos:
—
Quando o carro já estiver quente, passamos, por um sistema de chave, a
usar o óleo de soja. O motor do carro é de injeção de bomba mecânica,
uma tecnologia antiga que permite o uso deste óleo. Só não podemos
deixá-lo esfriar na bomba, porque ele é sete vezes mais viscoso que o
diesel e, nesse estado, não é possível dar a partida.
Como diz o professor de Filosofia, Robson Macedo, Guedes é “gato escaldado” em viagens aventureiras:
—
Já fui a todos os países da América do Sul, inclusive às cidades que
visitaremos. O passeio em si já valeria a pena, porque as paisagens e a
troca de experiência com povos irmãos são incríveis.
Berao acredita que a viagem servirá de motivação para os estudantes irem atrás dos seus sonhos:
—
Queremos estimular o aluno que está desmotivado e não vê razões para se
manter na escola a determinar uma meta para si e se esforçar para
atingi-la. A ideia que queremos passar é: se os professores foram “ao
fim do mundo” num carro tão antigo, eu consigo o que quero.
A
diretora do colégio, Neide Aparecida de Souza, diz que admira os “três
professores maluquinhos” e que está em busca de parceiros:
— O
projeto mostra que o professor da rede pública também inova e é
criativo. O efeito direto é o aumento da autoestima dos alunos. Já temos
parceiros para doar os alimentos que eles vão levar. Estamos atrás de
outros.