quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pelos alunos da Taquara, eles vão até o ‘fim do mundo’


Professores viajarão ao Cone Sul para despertar 

interesse pelas aulas

Por Leandra Lima
 
Após muito pensarem numa forma de tornar as aulas dos alunos do ensino médio mais atraentes, três professores do Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht, na Taquara, criaram um projeto curioso: viajar, de 2 de janeiro a 2 de fevereiro de 2013, pelas principais cidades do Cone Sul a bordo de um Mercedes Benz ano 1959, coletando material e histórias interessantes para serem trabalhados durante o próximo ano letivo com os cerca de dois mil alunos matriculados anualmente neste segmento na escola.

Intitulado “Projeto Expedição Cone Sul”, a viagem resultará na coleta de dados que serão usados para o Programa do Ensino Médio Inovador (ProEMI). A iniciativa é uma estratégia do governo federal de induzir a restruturação dos currículos do ensino médio com a inserção de atividades que os tornem mais dinâmicos.
Robson Silva Macedo, professor de Ensino Religioso; Marco Aurélio Berão, de Biologia; e Gilmar Guedes, de Filosofia; são os idealizadores da viagem. Os três docentes farão um percurso de mais de 25 mil quilômetros, que passará por Foz do Iguaçu, Atacama, Santiago do Chile, Perito Moreno, Ushuaia (conhecida como a Cidade do Fim do Mundo por ser o ponto mais extremo ao sul da América), Buenos Aires e Montevidéu.

Macedo explica que os três estarão empenhados em fazer um banco de imagens composto de 15 mil a 20 mil fotografias, um documentário, e, por fim, um livro com o balanço da viagem e relatos de bastidores:
— Todo o acervo servirá como material pedagógico interdisciplinar e transdisciplinar que poderá ser usado por nós e por outros professores. Também montaremos uma exposição no Brigadeiro Schorcht, e há possibilidade de ela se tornar itinerante.

Mercedes abastecida por óleo de soja e diesel

Gilmar Guedes explica que boa parte do material coletado pelo trio durante a viagem será organizada para apoiar aulas sobre sustentabilidade. Dono do Mercedes, ele diz que o carro é econômico e será abastecido não só com diesel, mas também com óleo de soja recolhido pelos alunos:

— Quando o carro já estiver quente, passamos, por um sistema de chave, a usar o óleo de soja. O motor do carro é de injeção de bomba mecânica, uma tecnologia antiga que permite o uso deste óleo. Só não podemos deixá-lo esfriar na bomba, porque ele é sete vezes mais viscoso que o diesel e, nesse estado, não é possível dar a partida.

Como diz o professor de Filosofia, Robson Macedo, Guedes é “gato escaldado” em viagens aventureiras:
— Já fui a todos os países da América do Sul, inclusive às cidades que visitaremos. O passeio em si já valeria a pena, porque as paisagens e a troca de experiência com povos irmãos são incríveis.

Berao acredita que a viagem servirá de motivação para os estudantes irem atrás dos seus sonhos:
— Queremos estimular o aluno que está desmotivado e não vê razões para se manter na escola a determinar uma meta para si e se esforçar para atingi-la. A ideia que queremos passar é: se os professores foram “ao fim do mundo” num carro tão antigo, eu consigo o que quero.

A diretora do colégio, Neide Aparecida de Souza, diz que admira os “três professores maluquinhos” e que está em busca de parceiros:
— O projeto mostra que o professor da rede pública também inova e é criativo. O efeito direto é o aumento da autoestima dos alunos. Já temos parceiros para doar os alimentos que eles vão levar. Estamos atrás de outros.
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