O professor na sala de aula é um líder, pois procura influenciar os seus alunos para que estes se interessem pelas aulas, estejam atentos, participem, apresentem comportamentos adequados e obtenham bons resultados escolares.
Neste contexto, importa analisar que fatores podem permitir aos professores influenciar os seus alunos ou, no mesmo sentido, o que é que leva os alunos a deixarem-se influenciar pelo professor.
Podemos distinguir quatro grandes fatores de influência dos professores sobre os alunos: o reconhecimento do status do professor pelos alunos; o reconhecimento do professor, através das avaliações e das estratégias de gestão da indisciplina; o reconhecimento pelos alunos da competência do professor nos conhecimentos que este lhes pretende ensinar; o reconhecimento de certas qualidades pessoais e interpessoais no professor, apreciadas pelos alunos, desenvolvendo-se processos de identificação.
No passado, os alunos deixavam-se influenciar pelo professor por aceitarem pacificamente o seu status, por o considerarem competente na área de conhecimentos que devia ensinar e também por lhe reconhecerem poder para recompensar ou punir através das avaliações e das
estratégias de gestão da indisciplina, não sendo postas em causa as decisões tomadas pelo professor a este nível.
Atualmente, devido a múltiplos fatores, muitos alunos não se deixam influenciar pelo professor apenas devido ao fato de ser o “senhor doutor” ou “senhor professor” a sugerir, desvalorizam a escola como fonte de acesso ao saber ou conhecimento, colocando muitas vezes em dúvida a competência do professor, para além deste também ter vindo a perder poder no que diz respeito à capacidade de gestão da aprendizagem e da disciplina dos alunos. Inclusivamente, são freqüentemente contestadas as suas decisões pelos próprios alunos e pelos pais destes, para além de todo o trabalho burocrático exigido ao professor nas situações em que pretende reprovar algum aluno.
Assim, dos quatro fatores de influência distinguidos, aquele que parece ter maior importância na atualidade é a identificação do aluno com o professor. Isto é, o sucesso do professor junto dos alunos passa muito pelo reconhecimento de certas qualidades pessoais e relacionais no primeiro que os últimos apreciam.
A identificação do aluno com o professor passa muito pela satisfação obtida na relação estabelecida. No entanto, muitas vezes há uma insatisfação recíproca na relação entre os professores e os alunos. Ao verificarmos que o docente privilegia na sua representação dos alunos os aspectos cognitivos, enquanto estes privilegiam na sua representação dos professores os aspectos afetivos e relacionais. Neste sentido, parece haver um “mal-entendido” na relação pedagógica, sendo importante que os professores se aproximem das necessidades relacionais e de desenvolvimento dos alunos, no sentido de os conseguirem influenciar ou motivar para o alcance dos objetivos da educação escolar no plano cognitivo.
No passado, os alunos tinham que se adaptar aos métodos dos professores, mas atualmente o professor deve procurar ir ao encontro dos interesses e da linguagem dos alunos, sendo flexível (de acordo com o provérbio “professor, se eu não aprendo como tu me ensinas, ensina-me de forma que eu aprenda”) e dando o exemplo (um líder não pode funcionar segundo o princípio “faz o que eu digo e não o que eu faço”).
Para potencializar a criação de “laços” com os alunos e a motivação destes, os professores devem evitar o distanciamento, a “neutralidade afetiva” e o autoritarismo, devendo, ao contrário, fomentar uma “relação de agrado”, caracterizada pelo diálogo, pela negociação e pelo respeito mútuo.
Embora os professores tenham perdido poder nos últimos anos, dificultando a utilização de alguns fatores de influência sobre os alunos que no passado resultavam, continuam a possuir um instrumento fundamental para conseguirem criar laços de identificação com os alunos, influenciando-os: a linguagem utilizada na relação pedagógica, quer verbal, quer não verbal.
Algumas das frases que o professor pode utilizar para uma “relação de agrado” são as seguintes: “devia estar orgulhoso dos seus resultados”, em vez de “estou orgulhoso de você” (no sentido de responsabilizar o aluno pelo seu comportamento, indo ao encontro da sua necessidade de auto-determinação); “está quase lá”, em vez de “está quase tudo errado” ou “não fez nada de certo” (no sentido de promover uma percepção de aperfeiçoamento pessoal e o esforço do aluno); “fiquem à vontade para perguntar sempre que não compreenderem alguma explicação ou queiram apresentar algum comentário relevante”, em vez de “não me interrompam, se tiverem dúvidas perguntem no fim” (no sentido de promover a participação dos alunos e a compreensão e o acompanhamento das explicações do professor).
Também a aprendizagem e a motivação dos alunos depende da identificação destes com o professor. No entanto, verifica-se que muitos alunos apresentam insucesso funcional, isto é, a sua aprendizagem ou saber não corresponde ao que seria de esperar dado o nível de escolaridade, e muitos encontram-se desmotivados relativamente às tarefas escolares. Esta situação constitui um dos principais problemas para os professores. Numa investigação, verificou-se que a maioria dos professores considera que mais de metade dos seus alunos se encontram desmotivados para o estudo, sentindo que, mesmo que queiram, não conseguem resolver este problema.
Com base nestes resultados, não obstante devem ser tomadas medidas que permitam restituir o poder aos professores, nomeadamente serem definidos objetivos mínimos de aprendizagem necessários para que os alunos possam transitar para o ano letivo seguinte e serem tidas em conta as notas obtidas desde o início do percurso escolar dos alunos para o ingresso no ensino
superior, tornando-os mais responsáveis e motivados para aprender logo desde os primeiros anos de escolaridade.