segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Chuí

Desde 1851, quando um acordo delimitou as fronteiras com o Uruguai, o arroio do Chuí é o limite extremo sul do Brasil. Até 1995, Chuí era parte de Santa Vitória do Palmar.

Situado no extremo-sul do Brasil, o Chuí é exaltado e conhecido por todo o povo brasileiro por ser o ponto mais meridional do país. É um município recém formado através de um processo emancipacionista realizado no ano de 1995. É uma das principais portas de ingresso aos grandes centros urbanos do Mercosul.

Tudo se inicia com os primeiros visitantes que pisaram desarvorados nas barrancas do Arroio Chuí ante ao naufrágio da nau-capitânia de Martim Afonso de Souza em 1531, passando por vários tratados feitos e desfeitos, sendo o primeiro – o Tratado de Madrid – de 1750 e o segundo – o Tratado de Santo Ildefonso - que transformou o atual município de Santa Vitória do Palmar em campos neutrais até 1814, a fim de amortecer as disputas entre portugueses e espanhóis.

A povoação do Chuí se iniciou com alguns ranchos e casas isoladas, nas voltas da antiga guarda, às margens do Arroio Chuí estabelecida pelo coronel de ordenança Cristóvão Pereira em 1737. Hoje, o único resquício desta antiga guarda, é uma cacimba (cisterna) quase oculta pelos altos pastos do terreno.



No mesmo ano, o brigadeiro José da Silva Paes mandou construir uma fortificação de pedras, o forte de São Miguel, em local estratégico, onde se pode avistar todo o movimento de barcos no Arroio São Miguel.

Em janeiro de 1763, o coronel Thomas Luís Osório, deslocou-se ao sul, construindo um forte, a que deu o nome de Santa Teresa. Hoje, ambos os fortes encontram-se em território uruguaio.

Primeiramente o povoado da zona que se desenvolveu não foi o do Chuí, foi o de 18 de Julio (hoje, cidade uruguaia), onde se localiza o forte de São Miguel, importante ponto turístico da região. Esse povoado enriqueceu graças ao comércio entre os dois países, em especial de contrabando. Os barcos brasileiros chegavam ao porto de Santa Vitória do Palmar, carregando mercadorias como erva, álcool, cachaça, açúcar, fumo e café, que posteriormente eram reembarcados em lanchas menores, e através do arroio São Miguel chegavam ao povoado de 18 de Julio, e daí para todo o Uruguai.

A região onde hoje se encontra o município do Chuí brasileiro ficava na contramão, mas aos poucos, com o crescimento de cidades uruguaias como Castilhos e Rocha e a abertura da Ruta 9, no final da década de 30, o tráfego passou a ser feito pela zona do Chuí.

Por essa razão, aí se construiu um quartel para acantonar um grupo de soldados e um posto alfandegário adido à mesa de rendas federais de Santa Vitória do Palmar.

Nas décadas de 30 e 40, o Chuí uruguaio estabeleceu certa superioridade em todos os aspectos, principalmente no comércio, em relação ao lado brasileiro, ante ao fato de que a região se encontrava isolada do resto do Brasil, sendo mais fácil se chegar a Montevidéu através da Ruta 9.


A partir da década de 60, o governo brasileiro adotou uma política nacional de fazer com que os municípios de fronteira se desenvolvessem economicamente.

Este fato se concretizou com a construção da BR 471 e a vinda de imigrantes palestinos e libaneses na década de 70, passando o comércio do lado brasileiro a se desenvolver intensamente, sendo até hoje a base da economia do município.

A importância histórica dessa região deve-se ao fato de ter sido palco de muitas disputas entre portugueses e espanhóis, até a demarcação final da fronteira extremo-sul do país, que por anos e anos foi flutuante, ora pertencente à Espanha, ora à Portugal, sendo também “território neutro” ou “campos neutrais” por muito tempo. Região esta, que até a inauguração da BR 471, ficou isolada do resto do Brasil, e contra tudo e todos, manteve-se vinculada ao país, pelo forte fio de patriotismo e brasilidade, visto que material e culturalmente, foi-lhe sobremodo adverso manter essa ligação.

Quis o destino, felizmente, estreitar cada vez mais os laços de amizade entre brasileiros e uruguaios, fato claramente observado na Avenida Internacional do Chuí/Chuy, avenida esta que divide os dois países. É importante citar que além da referida avenida, a fronteira é demarcada por quatro marcos, além do arroio Chuí, arroio São Miguel e lagoa Mirim.

No Chuí, é muito forte o sentimento de nacionalidade. Mas a amizade entre os dois povos é tão grande, que se formou uma crença popular que diz que: “Nesta localidade, fronteira e linha divisória, servem sempre para unir as pessoas e nunca separá-las”.