segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Patagônia


Muitos dos nomes dados a regiões e lugares na América do Sul se devem ao navegador português Fernão de Magalhães (1480-1522) que, a serviço da Coroa Espanhola, liderou a primeira viagem de circunavegação do globo terrestre, por volta de 1520, data em que descobriu a passagem marítima que acabou por ganhar seu nome: Estreito de Magalhães. Fernão de Magalhães ficou impressionado com o espetáculo das fogueiras indígenas acesas em terra firme e batizou a região como Tierra del Fuego. Deve-se acrescentar que foi esse mesmo navegador quem deu o nome ao Oceano Pacífico, depois de passar por dificuldades de toda ordem na árdua travessia do Estreito e se deparar com aquele oceano calmo à sua frente. Mas isso é outra história.

Tornou-se comum ouvirmos falar da Patagônia nesses últimos anos, particularmente após a estruturação do Mercosul. Patagônia advém dos povos primitivos que habitavam o extremo sul do continente. Quando Fernão de Magalhães teve seu primeiro contato com esses povos, ficou impressionado com sua altura incomum e o tamanho de seus pés, que pareciam ainda maiores por estarem sempre calçados com pele de animais engenhosamente adaptadas em formato de prancha, para facilitar a caminhada na neve. Não custou muito para que os integrantes da expedição passassem a designar esses nativos de Patas Grandes ou, em espanhol arcaico, patagones. Daí a origem do nome Patagônia, a Terra dos Patagones.

Convém acrescentar que um dos poucos sobreviventes da expedição de Magalhães, Antonio Pigafetta, descreveu os Tehuelches como “gigantes”, que tinham o “dobro do tamanho” dos marujos. Um exagero típico de marinheiro, sem dúvida! É certo, contudo, que esses povos possuíam altura incomum para a época, acima de 1,70m. Só para ilustrar, esse mesmo Pigafetta descreveu os pinguins como "galinhas difíceis de depenar e com carne com gosto de peixe".



À medida que avançava em direção ao extremo sul, a expedição espanhola se deparou com enorme ilha e adentrou a passagem marítima que a separava do continente. Essa passagem seria chamada mais tarde de Estreito de Magalhães. Lá, nesta ilha, os expedicionários encontraram outros nativos que, curiosos com o tamanho de suas embarcações, se aproximavam da margem para ver de perto aqueles seres esquisitos que vinham de longe. Além dos Tehuelches, foi também registrada a presença de outras tribos na região, particularmente os Onas e Yámanas.

Esses povos tinham um ritual interessante: manter as fogueiras que aqueciam suas aldeias eternamente acesas. Claro, se elas se apagassem em algum momento seria um problema reacendê-las numa temperatura que chega fácil aos 10 graus negativos. Portanto, era mais sábio ficar jogando lenha na fogueira antes que o fogo se acabasse de vez. Uma questão óbvia de sobrevivência!

À noite, Fernão de Magalhães e sua turma ficavam lá do oceano, a bordo de sua frota, apreciando aquela terrinha gelada, montanhosa, belíssima e, à distância, viam centenas de clarões oriundos dessas fogueiras que nunca se apagavam. Parecia que a terra estava pegando fogo... E assim, a região ganhou esse nome contraditoriamente fantástico: Terra do Fogo (ou Tierra del Fuego). Aliás, diga-se de passagem, nomenclatura bastante inadequada para uma região que fica coberta de neve mais da metade do ano.

Deve-se acrescentar que o nome do Canal de Beagle decorre da embarcação que levou Charles Darwin em sua viagem de pesquisa em derredor do mundo (quando desenvolveu a Teoria da Evolução), o HMS Beagle, capitaneado pelo comandante inglês Fitz Roy (que também deu nome a uma das montanhas mais belas das Américas).

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