Motoristas do Primeiro Mundo declaram independência da indústria do petróleo ao abastecerem seus carros com gordura reciclada, mas o aumento da demanda já faz com que donos de restaurante queiram cobrar pelo produto, distribuído gratuitamente até agora
André Julião
ATITUDE
O americano Lyle Rudensey enche o tanque de seu carro
com o biodiesel que produz em casa, em Seattle (abaixo)
Ao ver que o nível do tanque do carro está
baixo, o motorista para numa lanchonete e pega o combustível que vai
permitir que o veículo ande por quilômetros a fio sem reabastecer. Ele
não paga nada por isso – o dono do estabelecimento fica feliz em se
livrar de todo aquele óleo usado para fritar batatas e bolinhos. A cena
acima já se tornou realidade em alguns países europeus e da América do
Norte. Difícil imaginar um jeito mais sustentável de dirigir do que
reutilizando um produto que muitas vezes vai parar nos esgotos, entope
encanamentos e causa transtornos à população.
Não basta, porém, tirar o óleo da panela e pôr no tanque. Para se tornar biocombustível, a gordura precisa passar por um processo químico. Embora possa ser feito em casa, exige cuidado no manuseio dos ingredientes e tempo do motorista (leia uma das receitas no quadro). O canadense Peter Ferlow, por exemplo, roda até 1.200 quilômetros com sua picape, gastando cerca de R$ 80 e duas horas de trabalho na reciclagem do óleo. O ingrediente vem de um pub da cidade onde mora, Vancouver, no Canadá. Como naquele país é preciso pagar para descartar corretamente esse tipo de resíduo, os donos de estabelecimentos ficam felizes em doá-los aos fabricantes caseiros.
O negócio é tão vantajoso para os motoristas que a demanda por óleo de cozinha usado já está superando a oferta no Canadá. Especialistas preveem que, em pouco tempo, os donos de restaurante vão começar a vender o precioso ingrediente. Quem continua lucrando independentemente disso são os empresários como o britânico Adrian Henson. Pelo equivalente a R$ 1.100, ele vende um kit que produz lotes de 120 litros do combustível. Além de comercializar as máquinas dentro do Reino Unido, ele diz que seu maior mercado é a Grécia, seguida de Sérvia e Espanha, mas que exporta para toda a Europa.
Não basta, porém, tirar o óleo da panela e pôr no tanque. Para se tornar biocombustível, a gordura precisa passar por um processo químico. Embora possa ser feito em casa, exige cuidado no manuseio dos ingredientes e tempo do motorista (leia uma das receitas no quadro). O canadense Peter Ferlow, por exemplo, roda até 1.200 quilômetros com sua picape, gastando cerca de R$ 80 e duas horas de trabalho na reciclagem do óleo. O ingrediente vem de um pub da cidade onde mora, Vancouver, no Canadá. Como naquele país é preciso pagar para descartar corretamente esse tipo de resíduo, os donos de estabelecimentos ficam felizes em doá-los aos fabricantes caseiros.
O negócio é tão vantajoso para os motoristas que a demanda por óleo de cozinha usado já está superando a oferta no Canadá. Especialistas preveem que, em pouco tempo, os donos de restaurante vão começar a vender o precioso ingrediente. Quem continua lucrando independentemente disso são os empresários como o britânico Adrian Henson. Pelo equivalente a R$ 1.100, ele vende um kit que produz lotes de 120 litros do combustível. Além de comercializar as máquinas dentro do Reino Unido, ele diz que seu maior mercado é a Grécia, seguida de Sérvia e Espanha, mas que exporta para toda a Europa.
INCENTIVO
Inglesa abastece carro com óleo reciclado. Produção caseira
de até 2.500 litros por ano é isenta de impostos no país
“Nosso futuro são os mercados emergentes”, disse Henson à ISTOÉ. Ele
diz que qualquer cliente brasileiro pode comprar seu equipamento, mas
alerta que o custo do transporte é muito alto. Seu negócio ganhou um
incentivo do governo do Reino Unido em 2007, quando as leis relacionadas
ao combustível feito em casa foram alteradas. Os cidadãos britânicos
podem produzir até 2.500 litros por ano, legalmente, sem pagar nenhuma
taxa. “Isso permitiu um rápido crescimento desse mercado aqui”, diz o
empresário. Ele ressalta, no entanto, que agora há menos óleo de cozinha
usado sobrando e não há mais como o mercado interno crescer. Se a moda
pegar no Brasil, logo haverá filas na barraca de pastel da feira. Não de
gente interessada na fritura, mas no óleo.
Publicado em: http://www.istoe.com.br/reportagens/183302_MOVIDO+A+OLEO+DE+COZINHA
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