Por Mônica Raouf El Bayeh
Parece brincadeira, mas não é. Os professores grevistas foram impedidos pela administração do Norte Shopping (Rio de Janeiro) de entrar para panfletar suas ideias e reivindicações.
Parece brincadeira, mas não é. Os professores grevistas foram impedidos pela administração do Norte Shopping (Rio de Janeiro) de entrar para panfletar suas ideias e reivindicações.
Professor
agora é barrado em shopping? Também, com o salário que recebem, iam comprar o
que?
O que a
administração do shopping temia? Que os professores quebrassem? Roubassem?
A falta de
respeito do Shopping com os professores apenas reflete o descaso geral com que
se enxerga a educação por aqui. O mesmo descaso que faz com que os professores
sejam covardemente agredidos durante a greve.
Os
professores não queriam fazer um rolezinho, conforme foi dito por aí. Nem
estavam de brincadeira. Querem falar de suas aflições, panfletar suas ideias,
contar suas agruras. É crime? Os professores em greve não são os bandidos maus
que deixam criancinhas sem aula. São profissionais conscientes que decidiram
lutar por uma educação eficaz e de qualidade.
Crime é
calar quando milhares de crianças estão sendo roubadas de suas chances de uma
educação digna e um futuro melhor. Os professores não estão na rua apenas por
um salário melhor. Se estivessem, também não vejo erro aí. Professores querem
ganhar mais? Você também não quer?
Não se
baseiem nas propagandas que se aparecem por aí. Notícias de que o magistério
vai receber aumento de salário. Na enorme maioria das vezes, não é bem assim.
Não é uma falha sua de interpretação de texto. É uma falha do texto que não
conta exatamente o que vai acontecer. Ilude quem está longe. Irrita quem está
perto e sabe.
Os
professores saíram das salas e estão na rua pelos alunos. Estão nas ruas para
que o povo saiba aqui fora o que se passa dentro das salas de aula porque se
divulga um quadro completamente diferente do real. Quem está aqui fora não
imagina a angústia que cresce na alma de cada professor ao se ver de pés e mãos
atados. Professores e alunos sem vez e sem voz. Basta!
É preciso
abrir o livro e o verbo. Não dá mais para enganar o povo fingindo que se ensina
quando é mais do que sabido que não nos dão condições para isso.
É preciso
juntar B com A e mostrar que não há investimento real e concreto na educação.
Educação é conta de menos, sem adição. Porque povo educado pensa e quem pensa,
vota melhor. Talvez o voto consciente não interesse tanto, será por isso que a
educação vem sendo sucateada?
Educar
incomoda porque provoca mudanças. Ensinamos tantos a ler, sim. E os outros
tantos que não aprendem? E os que chegam cheios de dificuldades e a gente corre
atrás, mas não tem para onde indicar?
Chega de
fingir que os alunos sabem, passaram de ano e foram bem. Chega de sermos
obrigados a aprovar quem não tem condição de ir em frente. É preciso lutar pela
melhoria verdadeira da educação. Porque só assim, teremos um país melhor e a
possibilidade de uma vida digna não só para alguns, mas para todos.
Um país onde
as pessoas possam falar de suas condições sem balas de borracha, sem gás. Onde
as pessoas possam aprender sem notas maquiadas para falsificar estatísticas.
Um país onde
todos possam ir e vir normalmente até em shoppings, por exemplo.
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